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"O título desta novela em versos que Maya Falks nos apresenta dialoga em contraponto com a música de Belchior que afirma que, apesar de tudo, ainda somos os mesmos, como nossos pais. Poderia a protagonista do livro ser a mesma após atravessar o inferno nas masmorras da ditadura, sofrendo tortura e abuso sexual de forma contínua? Como sobreviver à loucura e à perda de todos os pontos de referência no mundo? Como reagir à morte do parceiro e de seus amigos? Como perdoar o pai que a delatou para dar-lhe um susto?
A alegoria usada pela autora repercute a verdade histórica dos sequestros de jovens idealistas que foram levados para casas clandestinas em que os torturadores tinham carta branca do regime para eliminar opositores. Esses estudantes contestavam a falta de liberdade, sentiam-se oprimidos e sonhavam com alguma revolução: pelas armas, por meios pacíficos ou, simplesmente, pelas artes.
Não podemos esquecer o passado recente do país, não podemos compactuar com as forças retrógradas que enaltecem os torturadores e querem impor a desordem e destruir a democracia. Escrever é um ato de resistência e a força da escrita poética reside no seu caráter transgressivo. Às vezes é preciso chocar para abalar os alicerces da inércia do conservadorismo.
Eurídice Figueiredo
Professora do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Literatura da Universidade Federal Fluminense"